Tem mano, tem clubber, tem grunge – as tribos se encontram e se confraternizam no desfile da Cavalera, marca de origem streetwear que já fez desfiles antológicos e volta ao SPFW, após 3 anos de lançamentos solo. Com David Pollack no estilo e Alberto “Turco Louco” Hiar no comando, surge um bom equilíbrio entre a proposta de moda e a de conceito e ambas ganham em qualidade. Vamos deixar de lado a tragédia do dia (saiba mais aqui) e o atraso de duas horas (inaceitável a esta altura do campeonato), e focar na passarela de inverno 2019. A mensagem da marca é questionar a pseudo superioridade de pessoas que vivem nas (ou das?) redes sociais e, por isso, se acham. “Quem somo nós na fila do pão?” é a pergunta que Hiar faz, já com a resposta na ponta da língua: “Eu não sou nada, você não é nada, ninguém é nada, mas tem gente que tá se sentindo…”
Triz abre o desfile com performance ao vivo ao qual se juntam outros rappers e cantores como Ice Blue, Froid, Edi Rock, Bivolt e Rico Dalasam. O neon-clubber vem gritando, com muito jeans, jaquetas de couro, casacos de pelúcia. O grunge aparece no xadrez vermelho combinado à estampa de vaca. Vem o dourado em mega doudounes, camuflados em vermelho, preto e branco, e looks pretos ou neon com faixas refletivas e o quadriculado pb incrivelmente trabalhado no look da modelo Amira Pinheiro, que faz uma síntese da ideia de que é melhor viver junto e misturado do que isolado – seja em gueto, em bolha ou no que você preferir chamar.
Importante lembrar do pioneirismo da Cavalera no streetwear. Agora é esperar que ela retome o protagonismo no segmento, num momento em que este estilo está tão em alta. (Lilian Pacce)